Era
o que ouvia quando pequeno, sabido demais essiminino. E desse ouvido, cresci me
fazendo pessoa menino. Era fazedor de barragens, o melhor dos pesqueiros de piaba,
sabia fazer fogo dos fósforos apanhados, roubava o grude com os cacos de telha,
carregava mais do que os crescidos os frutos das vazantes e me deleitava, cabeção d'água, na torrente que fabricaria mil voltagens, barreira abaixo, quando os
açudes sangravam.
Essiminino
virou uma primeira pele.
Uma
segunda pele. Pele terceira.
Quarta
e quinta, sexta feira,
dia
de colheita, sábado já na feira
quando
no domingo não lhe sobrava
carne
nenhuma.
Era
apenas pele, a pele dessiminino.
Tudo
o que essiminino queria era fazer trinta. Trinta anos contados, não necessariamente
comemorados, apenas a conta dos trinta. Nos trinta, pensava ele, ou eu, que agora
narro, seria doutor de algum saber, fazedor de coisas sérias, teria meu violão,
fita cassete, uma língua estrangeira, poucos amigos contados, um bocado
vivenciado, gibis colecionados e um grande amor a ser narrado.
Afora
a rima desejada, quando nos trinta chegado, essiminino, todo assoberbado, não soube
o que fazer com o tempo aguardado, como se o ritmo do cordelado, ouvido
paraibano treinado, ainda que no prosado, sem a rima cortejada, e o sacolão do
passado guardado, fosse ele desacorrentado, dos sonhos que outrora tivera,
quando as conversas de pingas eram sinceras, ele comigo, eu com ele, numa
conversa de umbigo, e o riso, todo frouxo abundante, de esperanças e dentes brancos, pudessem
tomar um malte gelado, sem frescura e proseado, sem que os trinta fosse trinta
mais trinta, numa aritmética desenfreada, mesmo quando o ritmo do fraseado, não
fosse ponto a ser marcado, coisa alguma, alguma coisa, num sentido bem
arretado, só pra não se render ao arrebatado, numa linguagem que nem era nossa,
fosse drama, prosa ou poesia, mas que o conto, esse contado, dissesse alguma coisa no cruzado,
que valesse a pena o fraseado, se algum sentido desejasse ser apressado, porque da pressa dessiminino, do tempo escorrido todo, solta a meta desembestou.
Essiminino
era meta, metafoto, metacoisa, metahistória, metaminino, metaconto, metaponto. Como
se mete, meta esse menino.
LindO, metapoético e metido essiminino. Eita que um bom malte esmalta belas linhas, não é? E tá prosaico que nem as canções de tatu e peba. ☺
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