sexta-feira, 10 de abril de 2015

Mar e brisa



Era uma vez uma pequena que veio de muito, muito longe, do outro lado do mundo, daquele lado de lá que a gente pensa sobre o que aconteceria conosco sem a gravidade, quando caímos em buracos pela vida afora. Quando ela veio, veio como semente, cruzando mares.

Para alguns, ela era uma promessa, um espírito, uma ideia. Eu sempre a pensei como semente. O fato é que ela chegou depois de uma longa travessia. Veio embalada na esperança de novos futuros, de novas habitações, veio como célula a germinar após duas gerações de travessia.

Logo cedo, essa pequena aprendeu a colher. Não raro, era vista ora nos bananais de sua família, ora pilotando uma grande máquina de entrega dos frutos. Foi na terra, portanto, que ela cresceu. Mas logo, aprendeu a olhar para o céu. Como se ainda tivesse em seu íntimo toda a potência das travessias e, quando chegou o momento, o cruzou.

Foi para uma terra também distante. Veio para perto do mar. Aqui fez família, jarros em flor, ofertou orquídeas aos mais chegados, encantou muitos e estudou os astros.

Se apaixonou pelo sertão e lá, apenas ela, sentia a brisa de todas as travessias.

Desde pequena princesa, até se empoderar rainha, sem príncipe, sem rei, sem reino. Apenas a senhora do mar e da brisa.


Um dia, talvez, eu termine essa história, mas ainda não é chegado o tempo, pois há muita terra ainda a ser germinada. Por isso, essa é uma história curtinha, ainda existem muitas linhas a serem preenchidas pelas travessias dessa pequena, tão grande, rainha do mar e da brisa.

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