Batizaram-me como a Rainha dos Dragões, uma tal de Daenerys, nome de batismo, nem homem,
nem mulher, quaque(er) cousa. Não quis fazer feio, vim de longe, pega no bueiro de
uma rua, dessas que todo mundo passa ao longe, como a torcer o nariz, sou gata, sou bueira, sou do lixo., sou
descentrada. Mas tinha o rabo farto. Foi meu rabo que me salvou. Ele era
peludo. Diziam até, - ei, você se passa, se passa igual a uma persa.
Eu nem sabia o que(er) era isso. Mas meu rabo me salvou. A
mãe da minha mãe que já era minha avó me chamava de Rabuda por mais protestos
que eu ouvia por aí. Não sei como lidar com meu rabo. Sei que ele é emaranhado,
desses que tem fios em nós. Farto, totalmente farto. Mas nem gosto que me
apalpem. Fico irritada, o rabo é meu.
Não sou Aristogata, mas não como ração qualquer. Gosto de me
saciar com aquela que diz que é gold,
alimento de alta qualidade, como a desafiar o destino que meu Deus me deu. E eu
posso, porque tenho o rabo e os olhos de gata, desses amarelos, como quem já
nasceu com a maquiagem perfeita. Soul
gata.
Um dia, no boteco, cismando com aquela baratinha que passou,
meio de lado, já rebolando, a vi, aquela Preá, gostosa que só ela, feito rata,
mascarada, tão carne. E eu salivei como salivava aquele povo, esquálido de
poesia, afastado de batata (toda fritada do Mac), pensando: vou comer porque
tenho a fúria do fogo, tenho rabo e meu corpo, em movimento, pode ser poesia.
Era o dia das mães e eu programei bem direitinho. Desovei
o corpo dela, engoli quase tudo, deixei a moela e um pouco de sangue, esquecendo
só o celofane.
Minha mãe chegou, não ficou feliz, não me fez gracejos, nem me disse nada.
No silêncio dela, pensei, como é difícil ser gata, bem que
eu podia ser uma cachorra!!!
Ps. A – S – P- R – E – P- A- R- A- D- A-S- ! S – Ó – A - S - C-A – C – H – O – R-R –A – R
–A – A –S